segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O São Martinho vem aí!!!!

Tal como disse no post anterior, a festa continuou na Roda Fundeira. E, com a chegada do Outono, prevê-se que o São Martinho apareça por aí mais tarde ou mais cedo, por volta do dia 11 de Novembro. Por isso, antes de continuar com o prometido, fizemos uma pausa para anunciar o próximo convívio na Roda Fundeira - Magusto 2013!!!!


Promessa de alegre convívio, boa comida, boa pinga e muita alegria! Contamos consigo! Inscreva-se até ao próximo dia 27 de Outubro.

Um abraço.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

20 de Agosto de 2013 - Incêndio

Já regressei de férias há tempo suficiente para escrever meia-dúzia de posts e, no entanto... Andei a moer na vontade de escrever algo digno e na incapacidade que sinto de abarcar tudo o que se viveu naquelas aldeias com as minhas palavras. Hoje desisti. Hoje achei que já era tempo avançar, assumindo que só mesmo as imagens captadas e os relatos de quem lá esteve podem aproximar-se do que foi sentido nas aldeias de Relva da Mó, Roda Fundeira, Roda Cimeira, Casal Novo, Amieiros e Cabeçadas.

Desta vez não estive lá. Pela primeira vez, desde que me lembro, não estava na aldeia quando passou o fogo e não pude regressar senão no dia seguinte, quando os níveis de fumo do rescaldo se tornaram aceitáveis para a saúde do meu filhote. Não vivi a aflição de ver as chamas avançarem, de segurar uma mangueira a conta-gotas para salvar uma casa, de deixar de ver quem me rodeia devido à espessura do fumo, de decidir salvar a vida na eminência de tudo o resto estar perdido e sair da aldeia. Aprendi, sim, a impotência de querer mais que tudo estar num lugar, de achar que poderia de alguma forma ser útil num combate desigual e de não poder ir. Neste dia, que vários tínhamos planeado ser de lazer em terras vizinhas, fui apenas mãe e cumpri o dever de proteger os meus filhos, com o coração apertado pela ausência da minha aldeia. 

Dos adultos do grupo, metade regressou e foi barrada no Casal Novo, sem poder descer à aldeia senão ao fim do dia. Com a respiração suspensa entre cada telefonema, fomos tendo notícias pela tarde, sempre menos do que queríamos, e pior do que esperávamos, intercaladas com as da rádio, mais confusas do que deviam. Nem a minha mãe se lembra do fogo ter alguma vez andado dentro da aldeia de Roda Fundeira. 

No dia seguinte voltei. Eu e os outros. E o manto negro que cobria o chão que eu tinha deixado verde, ainda estava quente. O fumo do ar e o cheiro a queimado entraram-nos na pele e só os perdemos já em Lisboa. Os mais novos tinham sido preparados para o choque, mas a emoção foi muita - foi uma primeira vez. O cansaço de quem estava, as palavras emocionadas, os balanços, as críticas, as queixas... seguiram-se inevitavelmente. Não consegui guardar tudo o que me foi dito ou tudo o que vi sentir. Lamento também isso.

Nos dias que se seguiram, ouvi os mesmos relatos, de vozes diferentes, com olhares diferentes. Retomou-se o ritmo de férias interrompido e sorriu-se mais facilmente, partilhou-se mais facilmente, abriram-se mais os corações. E juntámo-nos... juntámo-nos mais para garantir que o espírito de convívio da Roda Fundeira continuava, imune ao incêndio, com os petiscos, as gargalhadas, as minis (e outras misturas) e o gosto por estarmos juntos. Independentemente do cansaço, o gosto por estarmos juntos.

Quando me perguntam "como foram as férias?" respondo "Boas!" e depois vejo-me obrigada a explicar este porquê. A minha avó teria festejado o seu 105º aniversário neste dia, o que faz com que fique ainda mais marcado. Faz hoje um mês. Não perdi nada, nem ninguém, tive essa sorte. É mais um episódio da vida da, e na, Roda Fundeira, que nos torna de lá. E diferentes por isso.

A Roda Fundeira continua a dar as boas-vindas a quem chega...
Um abraço.