quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FELIZ 2011!!!!



O Ano Novo começava em grande festa na Roda Fundeira. Não que descendessemos de orientais (parece que ainda por lá passaram uns árabes, mas nada mais que isso) mas sim por ser o dia da Festa da aldeia, o dia do Senhor dos Aflitos. À meia-noite batiam-se os tachos, corria-se o ano velho (como já falado em posts mais antigos) e no primeiro de Janeiro bailava-se e entabulavam-se namoricos que se esperavam na volta do correio.

E, sim, claro que também me fez confusão a festa ser em Janeiro. Calculo que tenha a ver com os ritmos de trabalho do campo, uma vez que atravessamos um período de maior calmia após se terminar a apanha da azeitona e produção do azeite e enquanto a terra ainda não pode ser trabalhada para preparar a nova colheita. E depois, no pico do Inverno, neve por todo o lado, frio de rachar, dias curtos e sem sol, chuva e trovoadas... o povo bem precisava de algo para se animar!!!

Mas a verdade é que para as gerações mais novas (a minha incluída, já agora) o nosso hábito é da festa ser em Agosto. E 2-em-1, com o Senhor dos Aflitos e a Nossa Senhora juntos. Pois bem, resolvi investigar...

Parece que lá para os fins dos anos cinquenta (a minha mãe aventurou um 1957), com a aquisição da imagem da Nossa Senhora, começou também a fazer-se outra festa, em honra da Santa. Esta acontecia em Outubro, mas antes do dia 13 pois esta era a data da festa de Amioso. Por isso, contas feitas, devia de acontecer lá pelo primeiro domingo de Outubro.

Mais tarde passou a ser em Setembro, coincidindo com a ida à aldeia dos migrantes que iam fazer as vindimas. Não deixa de ser engraçado ver como os costumes se adaptaram às necessidades do seu povo...

Enfim, mas tudo isto para dizer que se aproxima a data da primeira festa da Roda Fundeira e Relva-da-Mó.

Tudo isto para vos desejar a todos, amigos da Roda Fundeira, um excelente 2011, reecheado de tudo o que precisem para vencer as crises (a económica e as outras da vida diária) e para manterem o espírito lutador e resistente que caracteriza o povo da nossa terra.

A todos,

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Muito doce!!!

Não resisti a deixar-vos umas fotos de abrir apetite... É que qualquer dia, com estas modernices dos Bolos-rei de castanhas, de chocolate, disto e daquilo, já nem se sabe o que é realmente típico. Ora na Roda Fundeira, Relva-da-Mó e arredores, havia muito comm que regalar a vista e o gosto:

 - Rabanadas... perdão, queriam desculpar a "alfacinhice"! As fatias paridas, que é um nome muito-mai-lindo!...










( tão boas, feitas pela minha avó na cozinha negra do fumo, com o pão do cacete...)

 - Filhós...ou cascoréis (como se diz nas nossas aldeias)... ou coscorões (à Lisboeta)...


e estas variações cada vez mais facéis de encontrar em qualquer pastelaria.
  

Parece que, para nos entendermos, temos de chamar coscorões às nossas tradicionais, filhós às da direita e... bom, não sei, não me entendo mesmo. E continuo a ter a sorte de elas me aparecerem lá em casa para eu me deliciar...

- Arroz doce.... que fica sempre bem acompanhado por uma filhó.... (sem, ovo, claro! porque eram precisos para outras coisas)










Contra as minhas expectactivas, parece que os sonhos também faziam parte da tradição. Na Munha não eram costume... e havia quem também os fizesse de abóbora...


E a Bola, que traduzindo, é um pão-de-ló...



Na nossa ceia lá de casa, preferimos deixar a bola para ter o Bolo-rei...


ou, pronto, vá lá, o Bolo-rainha...


E pronto. Num próximo post vou tentar deixar as receitas destas delícias... Por agora, nesta época de festas, vou mesmo continuar a deliciar-me.

E aqui entre nós, que ninguém nos ouve... acho melhor avizá-lo que ler este post pode acrescentar mais uns quilitos à sua cintura...

Um abraço e continuação de Boas festas!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Feliz Natal 2010!!!





Toca o sino, pequenino
e toda a gente a ouvir...
Ai que bom ir p'lo caminho
com gente a sorrir!!



É apenas mais uma versão do refrão do "Gingle Bells", mas penso que pode perfeitamente levar-nos às ruas das nossas aldeias. Seja quando nos encolhemos a tiritar para ir dar um prato de filhós à Ti Maria... seja quando nos juntamos para ir a Missa do Galo.

Sim, já adivinharam, estou novamente a falar das minhas recordações. Sim, porque eu ainda sou do tempo de ir fazer o Presépio à Capela, com musgo molhado e com terra e o papel de prata dos massos de cigarros a fazer de lagos de água.
 

As figuras já tinham os seus sinais de... aaaa... uso... mas era muito engraçado. E até se aproveitava para cantar um ou outro cântico de Natal mais cristão.


 
E quando saíamos à rua, misturado com aquela brisa gelada que nos cortava os pulmões ao inspirarmos, vinha o cheiro das várias lareiras que aqueciam as muitas cozinhas ainda activas naquele tempo. As panelas de ferro a cozinhar a sopa do jantar darão um futuro post...

Por agora, amigos,



Feliz Natal!!!!

 

Com muitas rabanadas e filhós, de preferência.



Um abraço.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Da cabeça de cão à altitude

Quando passo em zonas mais isoladas da nossa região, há vezes em que me pergunto como terão lá ido parar os primeiros habitantes. Uma bússula estragada? Dias de nevoeiro, sem ver sol ou estrela polar? Mau sentido de orientação? Ou será que gostaram mesmo do que foram encontrando e procuraram o paraíso?

Estas imagens fazem parte da tal exploração turística de Agosto, no tal passeio que dei pelos lados da Pena. Que imensidão se guarda entre as montanhas. Desde a cabeça do cão, tão bem desenhada...


até à respeitosa altitude da montanha.





E por momentos respirou-se um pouco do ar puro que abunda por estes lados. Com um toque daquele frio que gela os pulmões, mesmo em Agosto! 

A esta distância, imagino as manhãs de geada que agora devem despertar os habitantes da zona. Nestes dias, valorizo muito mais os grandes luxos que temos como... água corrente! e quente!

Desde sempre que lá em casa se aproveitavam as férias escolares para revisitar os meus avós, no tempo em que a aldeia ainda estava cheia de gente. E desde sempre que me lembro de adorar ir até lá... e detestar o frio, as mãos geladas, o cieiro e a chuva que não me diexava brincar ou sequer passear.

Agora penso também no trabalho do campo e com os animais que não dava dia santo aos seus donos e que, debaixo de frio gelado ou calor de rachar tinha de ser continuado.

Este post começou por ser apenas um elogio ao tesouro de paisagem natural que temos a sorte de conhecer e de poder desfrutar, mas evoluiu para um elogio aos nossos avós (e pais). Que fortes vocês foram!

Um abraço.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

As redondezas - Pena, Val Torto

Como já há muitos anos não estava tanto tempo em Agosto na Roda Fundeira, este ano pude passear pelas redondezas. E, diga-se de passagem, estas também são bem bonitas...


Após uma tarde de belas banhocas em Góis (que saudades, no meio deste frio!!!!), os miúdos acharam finalmente que podiam dormir a sesta do costume e renderam-se ao embalar do carro. E nós achámos que lhes podíamos dar mais uns quilómetros de descanso e fomos explorar... para os lados da Pena.



Entre montanhas de penedos e rochas, entre árvores mais velhas que nós, conseguimos encontrar o caminho para a Roda Fundeira. Mas encontramos também recantos dignos de serem guardados junto a uma dezena de outras fotos digitais fáceis de repetir... Esta ponte, então, estava mesmo a pedi-las!


Fica a caminho do Vale Torto, vindo da Pena pela montanha, meia escondida pelos muitos pinheiros e eucaliptos da zona. E pelos sobreiros que já abundam. Esperemos que assim se mantenha por muitos anos, bem verdinha... e se quiserem explorar as redondezas, estejam atentos aos tesouros, porque este quase nos escapou.

Um abraço.